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O setor aeronáutico está em constante desenvolvimento tecnológico, em busca de mais eficiência e economia de recursos. Um dos pontos de destaque é que as companhias de aviação estão investindo pesado em soluções sustentáveis, que tornam a viação elétrica uma realidade mais próxima.

O problema ambiental gerado pelo alto consumo de combustível dos atuais aviões torna essa busca mais urgente. Para se ter ideia, um avião de grande porte, com capacidade para 300 passageiros, utiliza mais de 45 mil litros de combustível em um único trecho entre São Paulo e Nova York.

De acordo com órgãos de proteção ambiental, a aviação civil é responsável por mais de 2% das emissões de gás carbônico na atmosfera. A estimativa de especialistas do setor é de que uma aeronave que substitua combustível fóssil por energia renovável possa reduzir em até 90% as emissões de gases de efeito estufa.

Desafios da aviação elétrica

Os projetos de aviões elétricos incluem a utilização de baterias, que seriam carregadas a partir de fontes de energia renováveis. O atual desafio dos pesquisadores é aumentar a capacidade de armazenamento de energia e tornar as baterias mais leves.

Afinal, as turbinas e hélices de grandes aeronaves exigem muita energia para serem ativadas e mantidas em funcionamento por longos períodos.

Não há uma data exata prometida pelos fabricantes, mas os projetos em desenvolvimento por startups e empresas de alta tecnologia indicam que até o final desta década aviões 100% elétricos já estejam no ar com maior frequência.

Por enquanto, a utilização do SAF, combustível de aviação sustentável, ajuda a minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente e a se aproximar da meta de atingir emissões líquidas de zero carbono no setor aéreo até 2050, estabelecida pela Organização da Aviação Civil Internacional, agência da ONU que reúne cerca de 200 países-membros. O SAF pode ser produzido a partir de biomassa ou carbono reciclado.

Quando a aviação elétrica será realidade?

A ACS Aviation, de São José dos Campos, foi pioneira no país a testar um avião totalmente elétrico. O Sora-e começou a ser testado em 2015, a partir de um modelo já existente, feito para acrobacias. Segundo seus desenvolvedores, para ser comercializado em alta escala, o projeto precisaria ser feito desde o começo pensando na eletrificação.

Já existem aviões elétricos de pequeno porte em ação. O Pipistrel Velis Electro, fabricado na Eslováquia, tem capacidade para dois ocupantes e pode voar por duas horas.

Companhias como a Heart Aerospace também investem no desenvolvimento de tecnologias elétricas para o setor. Ela promete entregar o primeiro modelo elétrico certificado para voos comerciais em 2026: ele tem capacidade para transportar até 19 pessoas em um trajeto de até 400 quilômetros.

Segundo a startup, o modelo reduziria em 75% os custos com combustível e em 50% os gastos com manutenção.

Já a Wright Spirit planeja voos de uma hora levando até cem passageiros, em rotas como Rio-São Paulo, Lisboa-Madrid e Nova York-Boston.

Projetos da Embraer

Gigantes como a Embraer também investem na eletrificação de seus produtos. As aeronaves da família “Energia”, lançadas recentemente, têm foco em sustentabilidade. O projeto inclui aviões comerciais com motores elétricos e híbridos, que devem chegar ao mercado a partir da próxima década.

Dois dos quatro modelos apresentados são propostos com motorização elétrica: o Energia Electric (totalmente elétrico) e o Energia Hybrid (híbrido), ambos com capacidade para nove passageiros.

No ano passado, a empresa Embraer realizou o voo inaugural de seu primeiro avião totalmente elétrico, baseado no avião agrícola Ipanema. O modelo é tido como uma plataforma para aprendizado e desenvolvimento de tecnologia.

A Rolls-Royce anunciou que criou a mais rápida aeronave elétrica do mundo. De acordo com a empresa, o modelo Spirit of Innovation quebrou o recorde de velocidade entre sua categoria ao ultrapassar os 623 km/h.

A Boeing é outra empresa do ramo que investe em protótipos, como o Sugar Volt, primeiro projeto de aeronave que combina a potência dos motores da aviação comercial ao uso da energia elétrica, e até a NASA desenvolve um projeto de avião 100% elétrico. Adaptação do avião italiano Tecnam P2006T, ele recebeu novas asas e propulsores.


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